quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Manoel de Barros - O meu poeta amado

Poesia é descobrir mundos,
descobrir-se pelas coisas desimportantes da vida
(azul revelado pelos pássaros)
Perceber coisas raras nos despropósitos
(uma solidão que anda na parede)
Camuflar dores, descobrir sorrisos nos olhares,
expelir arrepios intensos guardados 
no mais secreto do ser, de cada ser
Um ser sem ter sido, um voltar sem ter ido
(Canto de pássaros num silêncio que grita)
[De Pérola Para meu amado Manoel]

“É no ínfimo que eu vejo a exuberância”

“Um fim de mar colore os horizontes”

“A minhoca é uma solidão que anda na parede”

“Só quem está em estado de palavra pode
enxergar as coisas sem feitio”

“Deixei uma ave me amanhecer”

“Sol, s.m.
Quem tira a roupa da manhã e acende o mar”

“Tudo que eu não invento é falso”

“Poesia é voar fora da asa”

“A reta é uma curva que não sonha"

“Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós”

"Eu sei dizer sem pudor que o escuro me ilumina”

"Quando as aves falam com as pedras e as rãs com as águas - é de poesia que estão falando"

“Tem gente que nasce poesia”

"Andando devagar eu atraso o final do dia"

"O que eu não sei fazer desmancho em frases. Eu fiz o nada aparecer"

"Os passarinhos se molhavam de vermelho na manhã"

"Me explica por que um olhar de piedade cravado na condição humana
não brilha mais que um anúncio luminoso?"

“Poeta é um ente que lambe as palavras e depois se alucina”

“A palavra amor anda vazia. Não tem gente dentro dela”

“A voz de um passarinho me recita”

"As palavras mais faceiras gostam de inventar travessuras. Uma delas propôs que ficássemos de horizonte para os pássaros. E os pássaros voariam sobre nosso azul. Eu tentei me horizontar"

“Me procurei a vida inteira e não me achei — pelo que fui salvo”

"Tenho candor por bobagens. Quando eu crescer eu vou ficar criança"

"O corpo do rio prateia quando a lua se abre"

"No meu morrer tem uma dor de árvore"

“Você vai encher os vazios com as suas peraltagens e algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos”


Estas palavras simples, ricas e tão belas são de Manoel de Barros, um dos meus poetas preferidos, fonte de inspiração, suspiros, risos, encantos... Aprendi a amar o Manoel pelas “iluminuras” de suas palavras, eu lia e ouvia o canto dos pássaros que voavam em comunhão, via o desabrochar das flores, sentia a brisa da manhã voando em meus cabelos. E me encantava e me encantava mais...

Adeus, Poeta! A tua poesia estará eternamente viva em mim! E sempre que eu ouvir o canto dos pássaros sentirei um novo poema teu amanhecer.








4 comentários:

  1. Manoel viverá eternamente pela beleza e riqueza da sua poesia

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  2. Linda homenagem de uma grande poeta para um grande poeta
    Abraços, Pérola querida

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  3. Voa Manoel. Vai de encontro ao teus pássaros.
    O mundo perde um grande poeta.

    bjks linda Pérola

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  4. Ave Manoel!
    A tua poesia voa e encanta como os pássaros livres

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