A poesia vem do barro, do chão,
tem cheiro de terra molhada,
sons de pássaros, desvãos.
E ela tem calos nas mãos,
tem uma trouxa de roupa na cabeça,
pés descalços, percalços, coração.
A poesia conhece os sábios, sim,
filosofou com alguns,
ouviu atentamente teorias complexas,
desvendou algumas,
tenta ainda desvendar outras tantas
com seu olhar.
Mas a poesia é marota,
não deixou que lhe botassem uma roupa
como o homem branco
tentou fazer com os índios
para lhes moldar.
A poesia não tem rótulos como um produto
nem máscaras como um subproduto,
ela gosta mesmo
é de sentar no banco da praça,
conversar com aqueles sábios,
ou melhor, sabidos.
Sabe aqueles que aprenderam com a vida?
E ela vê exuberância nas coisas mínimas,
nada é pequeno após sua vinda.
A poesia gosta de ficar escutando
os sussurros reveladores do silêncio,
olhar o mar e renascer com a brisa
que bate em seu rosto,
olhar pela janela em um dia turbulento
e ver a sombra desaparecer
revelando o brilho incandescente
do que se olha e não se vê.
Vê a mágica acontecer diante dos seus olhos,
percebe detalhes luminosos
ofuscados pela correria
da luta nossa de cada dia.
A poesia é nua, crua,
brinca solta pelas ruas,
gosta de dançar com as palavras
e de dar piruetas com a lua.
Ela voa, voa...
Mas nunca é à toa
sempre traz algo que encontrou perdido
pelos ares invisíveis do cotidiano, que cega,
mas a poesia enxerga,
mesmo quando esquece os óculos
em cima da mesa da sala de estar.
E ela gosta de tomar banho de chuva,
sem medo de se resfriar,
de ver estrelas do céu
refletindo estrelas-do-mar.
Faz com que eu me encontre e me perca
e sempre me leva.
E, ainda que pesada seja,
leve, livre,
é assim que ela me faz
e ela forma, deforma, transforma,
inquieta, traz paz.
Pode não ter regras nem métrica,
mas deve ter o essencial:
sentidos aflorados,
olhos atentos,
arrepios intensos.
Ela é o que dá, o que vem,
o que toca, o que brota.
Descreve o que a vida conta,
o que a vida aponta,
o que a vida monta e desmonta,
o que a vida apronta,
o que apronto com a vida.
A poesia não escolhe local para nascer,
ela vem e são fortes as contrações,
vem das entranhas,
mas depois olha a cria e lambe,
flutua, reluz!
Assim como um pássaro
voando em seus azuis.
[E segue alinhavando os ares com sua luz...]
Olá,
meus queridos! Que saudade daqui e de vocês! Venho compartilhar um
momento lindo da minha vida, a vitória em um concurso de poesia. Até
hoje acho que estou sonhando, fiquei entre os 17 finalistas e na final
eu tive esta alegria sublime. A etapa final/premiação do concurso
aconteceu no dia 01 de agosto de 2012, no teatro Sesi Rio Vermelho –
Salvador-Ba. Participaram da comissão julgadora os artistas poetas: Mabel Velloso, Maviael Melo e Fernando Oberlander.
Obrigada
a todos por todas as palavras iluminadas, todas as mensagens, todos os
abraços tão calorosos, tão cheios de verdade, cada lágrima, cada
sorriso, cada aperto de mão, cada olhar... Esses são os verdadeiros
prêmios para mim e tudo isso é que torna este momento ainda mais
especial. Uns dos dias mais lindos e mais emocionantes da minha vida,
nem todas as palavras conseguiriam traduzir o que senti e sinto.