Sinopse:
Os dois não se entendiam, não combinavam. Ela gostava de MPB, ele era pagodeiro; ela gostava de poesia, ele de assistir vídeos gasta tempo no youtube; ela gostava de ler, ele de ver TV; ela gostava de fazer um Jam no MAM, ele de ir à praia de Piatã. As discordâncias não paravam... E quando iam ao cinema parecia uma novela, ele gostava de filmes de luta, de guerra, já tinha visto todos os Rambos, exterminadores do futuro e do passado, máquinas mortíferas de todas as espécies, os mais sanguinários possíveis, quanto mais tiro mais emocionante. Ela gostava de comédia romântica, ele nem sabia direito o que isso queria dizer, um dia perguntou a ela que graça tinha aquilo, era como se fosse um palhaço apaixonado, só que isso não tinha graça nenhuma e daí não deveria se chamar comédia –prefiro não comentar.
O acordo:
Então revezavam, cada dia que fossem ao cinema juntos, seguiria o gosto de um. No dia dele, ela fechava a cara e na cena em que ele mais abria os olhos, ela cobria, o beijava para fugir daquela carnificina em película e ele a beijava de olhos abertos para não perder um tiro que vinha em câmera lenta. Aquilo a irritava e ela virava a cara, ficava possessa da vida e pensava: “Trocada por um tiro”. Aquilo era uma ofensa gravíssima. E pensava um pouco mais: “Deixa ele, amanhã vou ao show dos Los Hermanos no TCA e se alguém vier me beijar eu vou fechar os olhos e abrir os braços” – só pensava, e ficava retada até com os seus pensamentos, dizia que parecia aqueles filmes de tiro que o seu namorado assistia, onde todos atiravam no mocinho, balas de todos os lados e nenhuma o atingia. Surreal.
O acordo II:
No dia dela, ele já saía de casa todo armado e inchado feito um sapo, e na cena mais bonita, quando os dois finalmente se encontram, a mocinha e o ator principal, e a música aumenta, ele torce o bico e ela beija ele – reparei uma coisa agora, ela também não fecha os olhos, não quer perder a cena, uma vingança involuntária. Aquilo o deixava irritado, possesso da vida, ele se sentia como aquele homem apaixonado do filme que não tinha nenhuma chance porque os olhos da mocinha só enxergam o ator principal.
O desacordo:
Certo dia quando foram ao cinema, estava em cartaz os dois filmes que os dois estavam esperando ansiosos a estreia. Era a vez dela. Ele tentou, tentou e tentou negociar, de pular a vez dela, ela estava irredutível, não aceitou de jeito nenhum, afinal, na outra ocasião em que isso aconteceu, ela já havia cedido, não seria justo, mas acontece que ele também não aceitou ir à sala dela.
A separação:
Cada um foi para a sua sala, assistir ao seu filme, o coração não entrou com eles, o dela ficou lá, o dele ficou cá... Na hora do tiro em câmera lenta, ele sentiu falta do beijo dela, fazia parte do filme aquela cena desesperadora. Na hora do encontro da mocinha e do ator principal, como ele dizia – vou contar o porquê disso de uma vez, é que um dia, ele falou potragonista e ela riu muito da cara dele, nunca mais na vida ele falou – ela sentiu falta do seu beijo de pirraça.
Voltando ao início:
E os dois fecharam os olhos e beijaram-se em pensamento e antes que os filmes acabassem, os dois saíram de suas respectivas salas – o filme tinha perdido o gosto, a câmera lenta do filme ficou com um efeito especial fajuto e o beijo foi meia boca – foram levados por um amor de cinema, em câmera lenta feito o tiro do filme dele e pulsando de amor como a cena do filme dela.
Aquele final já era previsto, mas foi bonito mesmo assim.
[Na volta para casa ele ouvia “rebolation” no carro e ela ria pra ele, cheia de amor no olhar. Estava com o fone nos ouvidos e escutava Caetano.]
Desculpem! Esta história não tem um fim.
O que importa se você é não
E eu sim,
Se sempre me dizes sim,
Se nunca te digo não?
O que importa se eu não gosto do seu gosto,
Se sem ti tudo é desgosto?
O que importa se sou sol
E você só sabe chover?
Se sem ti o sol não sai
E a chuva que não cai
Molha muito, muito mais
[Saudades de vocês, queridos! Desculpem a ausência, os dias ficaram mais curtos pra mim, mas aqui me sinto bem e sempre vou estar. Estarei no cantinho de vocês, fico bem por lá também. Beijos afetuosos]
Uma bela história, imprevisível como o amor, cheia de encantos, da incrível simplicidade e riqueza das tuas palavras.
ResponderExcluirEstava com saudades, Pérola luz!
Abraços.
Os opostos se atraem, os dispostos se atraem, o amor é pura atração.
ResponderExcluirNão desgrudei os olhos da tela. Belo filme!
Beijos e saudades, Pérola.
O que importa é o amor que pulsa em cada um, nada é mais importante que isso, as divergências são diluídas e de uma "simples história de cinema", brota um lindo conto de amor, mais belo que um amor de cinema.
ResponderExcluirFantástico!
Preciso no outro o que falta em mim, acho! abraços
ResponderExcluirAh, é que histórias como essas não precisam de um fim, apenas de continuação...
ResponderExcluirNinguém quer que acabe, só que continue.
Abraço meu, doce Pérola.
Pérola , amiga dos lindos alinhavos
ResponderExcluirQue conto mais cheio de graça e magia , tal
qual fime de cinema , ...Rs
Estava com saudade de te ler e de você.
Nada à desculpar .
BjO Imesno e Dias de muito Amor.
Olá Pérola
ResponderExcluirAs vezes são justamente as diferenças que fazem com que uma relação seja duradoura. Comigo é assim.
Bjux
Pérola,
ResponderExcluirAchei uma coisa incrivel ler isso tudo aqui, porque acabei de publicar um pequeno diálogo justamente a respeitos desses opostos, quando entrei aqui e li seu texto me lembrei na mesma hora daquele embate poético promovido pelo Marcio. Ao contrario de você eu acabei dando um fim ao romance e a toda historia de amor que não iria conseguir superar tanta diferença ... Achei sua leitura mais suave, doce e fiquei sorrindo enquanto te absorvia e aprendia um poquinho mais... Assim se não se importar, vou emprestar um trecho da sua publicação para ver se me redimolá no meu espaço.Tudo bem? =)
Sempre me ilumina passar por aqui!
Muitos beijos e muito obrigada pelo alerta!
Aline Morais Farias
Periódico Subversivo
http://alinemoraisfarias.blogspot.com/
Existem coisas que só o amor explica, essa estranha atração. Um amor de cinema, a mente dizendo não, tudo dizendo não e o coração em formato de sim.
ResponderExcluir"O que importa se sou sol
E você só sabe chover?
Se sem ti o sol não sai
E a chuva que não cai
Molha muito, muito mais"
Lindo! Beijos
Pérola publiquei lá seu poema...
ResponderExcluirObriga por essa inspiração e por todo esse clareamento!
Muitos e muitos beijos!
Aline Morais Farias
Periódico Subversivo
http://alinemoraisfarias.blogspot.com/
Genial, eu amo o que escreves e já falei outra vez isto, e continuo afirmando é lindo, é lindo , aproveitei o tempo e li todos os post, bom inspiração aqui encontrei, a tua arte realmente leva o leitor para uma ótica não percebida por detalhes vitais.
ResponderExcluirSegurei na pontinha da linha e fui puxando, ansiosa e desesperada para chegar logo ao outro extremo! Conto estupendo, Pérola!
ResponderExcluirBjs
gosto das difenças dos outros que me complementam...
ResponderExcluirbeijos!
Bia
Ai que história linda!!!!!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirQue doce o jeitinho que você versou!
Fiquei imaginando cada cena, cada beijo e cada desencontro... Os sorrisos, os olhares, os corações batendo fortes, os toques, as carinhas fechadas, os abraços e carícias...
Se os corpos se entendem, os gostos não precisam se entender...
Beijinhos cheios de saudades de seus brilhos!!
E vivas as diferenças... principalmente quando elas entram assim em nossas retinas, de uma forma poética,irônica, revirando as entranhas e dizendo: já assisti a este filme... meio Rosa Púrpura, meio quem entra na tela, vamos consumindo cada cena, e rir é um grande remédio, pardioas e diz e sabes nos manter em ti e nos tornar diferentes após o ponto...
ResponderExcluirCena final: li tudo de novo e já me preparo para assistir ao futebol logo à noite... (hehe), assim sei que terei alguém para escutar meu poema de hoje. Trocas nos fazem melhores sempre.
Um beijo grande Pérola e te ler é um vício que cura.
Carmen.
Amor e sua divergências;
ResponderExcluirAdoro vc por lá!
O tempo por aqui tb ta curto, mas te guardo com carinho =*
quando se consegue equlibrar as diferenças tudo fica mais facil, até amar!
ResponderExcluirbeijo querida!
Pérola,
ResponderExcluirTenho lido tão pouco ultimamente por dificuldade em me concentrar, mas este seu texto me prendeu a atenção do começo ao fim, que não é término.
Diferenças sempre haverá nas relações e quão bem você pontuou isso! Há de ter um equilíbrio mínimo, há de ter pontos de intersecção (pra me utilizar de uma imagem matemática). Às vezes só se nota a nota que falta depois que ela para de soar.
Muito bom, e ainda inspirou a Aline! Com o perdão do trocadílho, uma pérola. ;c)
Beijo grande, moça.
Ivan Bueno
blog: Empirismo Vernacular
www.eng-ivanbueno.blogspot.com
com inicio, meio e sem fim... gostei!
ResponderExcluirQuando os corações batem no mesmo compasso, o resto pode se desentender. No final só importa o amor. Lindo texto, arrematado com um poema sublime. Bjo.
ResponderExcluirTem selinhos no meu blog.
Coisas do amor...
ResponderExcluirLindo!
Minha querida, tem um meme literário para ti lá em meu cantinho. Passa lá para pegá-lo!
http://emsimplespalavras.blogspot.com/p/selos.html
Abraço.
p.s. Saudade...
um fim tão bonito, como não tem fim, muié??
ResponderExcluirlindo aprender a conviver com as diferenças *-*
:*
Mais ou menos assim:
ResponderExcluir"Nos dias de carnaval, aumentam os desenganos
Você vai pra Parati e eu pro Cacique de Ramos
(...)
Mas os dois juntos se vão no sumidouro do espelho"
Achei muito bonito o texto, Pérola, bastante ilustrativo e além disso (o que gosto muito): ingênuo.
Um beijo.
Bem , e se eu te disser que mesmo sendo só um filme , é um filme que retrata a minha historia, eu e meu marido somos assim, agua e olho que inacreditavelmente conseguem se misturar, e qdo se misturam , na sabe a lambuseira que faz...hehehe
ResponderExcluirTal qual eduardo e Mônica( Mus do Legião), um o complemento do outro..um sem o outro se sentindo somente parte.
Lindo minha flor, emocionaste-me , mais uma vez...
Bjos e um imenso obrigada.
Erikah
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ResponderExcluirMenina preciosa,
mais uma vez fomos presenteados com a magia das tuas palavras.
É nas diferenças que se equilibra a balança do amor.
... e foram felizes para sempre. (será?)
Te beijo com carinho, menina querida.
PS: Demorei a vir porque estava um tanto dispersa para conseguir ler, e ler a Pérola requer grande concentração, para que possamos 'degustar' palavra por palavra e sentir o doce sabor das tuas letras.
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Não tem um fim e o que importa na verdade nem faz falta aquele viverão felizes para sempre..
ResponderExcluiré gostoso saber que eles estao vivendo e que seja para sempre..
bjs
Insana
Que bonita história, Pérola :)
ResponderExcluirAgradeço pelas palavras que deixou no meu blog. Fazia muito tempo que não atualizava, mas aos poucos vou voltando à ativa.
Um grande abraço, continue escrevendo!
Milena
Adorei o blog e a maneira como você expressa os sentimentos, adorei mesmo!
ResponderExcluirMe farei presente aqui sempre que puder.
Tmb tenho um blog :*
www.mundodecinzas.blogspot.com/
quando tiver afim de ler algo, pode ir lá (y)
Sucesso e saúde.
David Marinho.
A atração do amor não faz escolhas e é mais forte e belo que cenas de cinema.
ResponderExcluirObrigada pela gentileza dos comentários e das ricas leituras de todos.
Beijos afetuosos!
Qnt tempo não visitava seu enCantinho, Pérola!
ResponderExcluirQue ele continua um encanto!
E ainda dô de cara com um texto belíssimo... que super me identifiquei. rs.
Parabéns Flor, ou tenho que dizer, Anjo!
Pelo dom iluminado que tens, esse de nos fazer entender o que se passa dentro de nós com palavras.
De tirar o ar. Adorei a inocência, delicadeza.
ResponderExcluirBeijos moça. Muitas saudades de ti.