domingo, 6 de junho de 2010

Segundo Batismo ou Saindo do Casulo

Ganhei este lindo e forte nome
— ou apelido, codinome, pseudônimo. Como quiserem —
quando fazia uma das minhas grandes paixões: a dança.

De cara me apaixonei, até mesmo porque a forma que fui rebatizada foi tão sublime e marcante pra mim!

Tive a sensação de renascimento, de tirar uma capa e mergulhar na vida de cabeça, deixando para trás toda a dor, e tendo como combustíveis primordiais as minhas raízes, o amor das pessoas e pelas pessoas que sempre foram verdadeiras em suas palavras e sentimentos e os valores que conquistei ao longo do meu agridoce trajeto.

Eu estava como uma borboleta presa num casulo, com uma vontade enorme de mostrar as minhas asas coloridas e encontrei na dança uma espécie de válvula de escape. Mas, quanto mais eu me dedicava, dava o meu suor e quanto mais todos me elogiavam, tão mais a professora me desdenhava, fazia pouco do meu talento, me colocava pra baixo, e eu sofria muito com tudo aquilo, mas todos os dias eu voltava com mais força, mais garra e com mais vontade de mostrar a minha arte em movimentos ora fortes e expressivos, ora leves e delicados, a arte que traduz emoções através do corpo.

Se fosse em outros tempos, acredito que eu nem voltaria a subir as escadarias daquele simpático teatro localizado no Pelourinho, ou simplesmente, Pelô - como nós baianos carinhosamente o chamamos - e adentraria àquela sala onde eram ministradas as aulas de dança, mas a paixão que eu tinha adquirido pela dança, juntamente com o meu desejo de renovação, de mudança, me fortalecia tanto. E cada vez mais eu sentia as minhas asas crescerem...

E certo dia, no ensaio final, alguns professores de dança, colegas da minha, foram convidados para avaliar o resultado final da coreografia, e quando eles me viram dançando, disseram admirados: “O que é que esta pérola está fazendo escondida lá atrás? Escondida em termos, porque nem que ela quisesse conseguiria se esconder. Ela brilha!”

Que nobre momento! Nunca esqueci nenhuma daquelas palavras que fizeram bater tão forte o meu coração, caírem as minhas lágrimas e fortificarem a minha alma – sem exageros. Confesso que sou um tanto vaidosa, mas naquele momento não foi a vaidade que falou mais alto, foi muito mais que isso. Senti naquele exato momento que o casulo tinha se rompido de vez e tive até a leve impressão de ter flutuado um pouquinho – coisas da felicidade.

E a partir daí, tudo mudou, a professora me disse que já via o meu talento há muito tempo, mas teve os seus motivos pra agir assim e trá lá lá... Ganhei até um solo, vejam só!

Mas o que eu ganhei de verdade foi o meu novo nome, que pra mim significava tanta coisa: autoconfiança, perseverança, superação, coragem, determinação, força... Coisas que eu nem sabia que eu tinha. E me senti tão leve...

E todos os colegas da dança começaram a me chamar de pérola, e logo, todos os amigos, conhecidos, todos.

E o que era minúsculo ficou maiúsculo, pérola virou Pérola. Não mais um substantivo adjetivado, mas um substantivo próprio, bem próprio, bem meu, bem eu.

E é este o nome que eu me apresento por aí.

E é assim que eu gosto de ser chamada.

Pseudônimo? Codinome? Apelido? Não, não. Muito mais que isso. Muito mais.

[Pérola, prazer!]


3 comentários:

  1. Caiu como uma luva. Uma pérola mesmo!

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  2. Vc é uma verdadeira pérola, um adjetivo perfeito. Um substantivo próprio feito sob medida.
    Adorei o seu blog!

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  3. Pérola, muito prazer!
    Obrigada pelas belas palavras!

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