segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Um rio dentro do rio


Um rio com diversas águas,
correndo de diversas formas,
um rio que separa as suas águas,
um rio que forma, deforma.
Um rio que só olha para o próprio umbigo,
um rio onde os que não são vistos
são os mais percebidos.
Um rio que fere, que mata,
que segrega, que maltrata,
contrastando com um rio que encanta,
um rio de belezas tantas.
Um rio, uma cidade maravilhosa,
que chora um rio de lágrimas
e que se afoga nas próprias,
no próprio descaso.
Um rio que chora um rio,
por ter deixado tantos ao acaso.
Um rio ao léu,
que coloca óculos escuros
e olha o outro rio
por cima de um arranha-céu.
Um rio que quer tanto dizer: Eu rio!
E abrir os braços como o Redentor.
Um rio de sambódromo,
imerso num rio de dor.
Um rio de cartão-postal,
que aponta as suas armas,
que recolhe as suas asas
e se prende no próprio quintal.
Um rio azul de olhos vermelhos,
que não consegue enxergar
o próprio reflexo no espelho.
Um rio que perde o caminho
e segue o seu curso,
sem lei, sem pulso.
Um rio dentro do rio,
que muitos tratam como água e óleo,
mas que, fatalmente, se misturam,
apesar de tantos desvios.


[Que o Rio encontre as suas águas calmas. Que ria o Rio!]






Selo que ganhei da Joyce. Aqui.Obrigada pelo carinho, Joyce!

sábado, 20 de novembro de 2010

Luminosamente, preta!



Eu sou preta,
tenho em mim a cor da noite
e sou clara como um dia
pelo sol iluminado!

Eu sou preta,
tenho a cor da escuridão
e espalho tanta luz,
sou no breu como um clarão!

Eu sou preta,
tenho raízes africanas,
de força, raça, fé e gana,
vem daí todo o meu brilho.

Eu sou preta,
luminosamente, preta!
E rebrilho!


[A cor negra não é ausência de luz. A cor negra tem luz. E reluz!]


20 de novembro - dia da consciência negra. A consciência deve existir sempre. O preconceito, seja ele de qualquer espécie, só mostra o quão pobre é o ser que lhe carrega.








[Lavagem cerebral – Gabriel, o pensador]


quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Quanto mais... Tanto mais!


Quanto mais eu voo
mais vou
Quanto mais eu soo
mais ecoo
Quanto mais eu suo
mais sou
Quanto mais me coo
mais cor
Quanto mais me doo
menos dor

Voo...
Como um pássaro,
que bate as asas com força
e atravessa o vento
e quebra as barreiras do ar
E vou...

Soo...
Grito, sussurro,
até o meu silêncio se faz ouvir.
Ecoo pelos ares.

Suo...
Transpiro,
sinto em meus poros cada gotícula
de entrega, cada ardor, cada suspiro
e emoções de cada instante.
Transbordo.
Sou mais!

Coo...
Filtro as impurezas
do que me ausenta, do que me aniquila,
do que insiste em tornar cinza
a cor predominante dos meus dias.
E encontro matizes de encantos,
pontos de luz multicolor.
Tanta cor!

Doo...
Entrego-me
de alma e corpo à vida,
a vida em suas diversas faces,
assustadora, cruel, veneno suave
ou paraíso, graça, delícia.
Vivo todas elas,
oferto-me por inteira.
E ainda que doa,
dói menos,
porque o que dói mais
é viver pela metade.

[A intensidade é a vida por inteiro, elevada ao quadrado. E quanto mais... Tanto mais!]



Selo que ganhei do Nelson e selo que ganhei da Daaý. Aqui. Obrigada, queridos!


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